Atualmente, costumamos nos questionar se vivemos uma nova era de patologias psíquicas, o que levaria a uma mudança clara da técnica ou se vivemos com novos coloridos e roupagens os mesmos conflitos das famosas histéricas freudianas.
No artigo “Sobre a clínica psicanalítica da atualidade: novos sintomas ou novas patologias? “ Aurea Lowenkron – autora – enfatiza que desde os seus primórdios, a psicanálise reconheceu a existência de terrenos não marcados por inscrições codificadas, reconhecidos na formação dos sintomas das neuroses atuais. Neuroses desprovidas de atividade criadora, caracterizadas pela impossibilidade de efetuar a passagem da ordem da excitação sexual somática para o registro psíquico. Das falhas no processo de simbolização resultam sintomas que não são portadores de sentido.
A magia das palavras não opera da mesma maneira nesses casos. A autora questiona-se: Há especificidades nas formas de sofrimento com que nos deparamos hoje? Ou as mudanças se referem às manifestações sintomáticas?
Afirma que para alguns autores o que observamos hoje trata-se de novas apresentações sintomatológicas e de novas descrições das afecções pré-existentes, exacerbadas pelas condições da vida contemporânea.
- “Na era atual, cujos ideais são pautados por exigências da sociedade de consumo, que promove a ilusão de liberdade individual irrestrita, o mal-estar assume muitas vezes formas de apatia, vazio interior, solidão e fracasso. ” (p. 997)
O fato é que a psicanálise busca ver o indivíduo e, como nos diz Freud, na Conferência XVII, se existe um sentido para o sintoma, e que este possui uma conexão com a experiência do paciente, então não devemos nos preocupar com a (psico) patologia – sofrimento do indivíduo, ao invés de buscar uma categorização para os sintomas?
Renata Vives – Psicanalista