Autismo e Psicoterapia

autismo1É possível, dentro de um entendimento psicanalítico, desenvolver-se com sucesso uma psicoterapia com crianças autistas? Sim, e quanto antes este processo começa, mais possibilidades de sucesso encontramos.

Quando estamos com uma criança autista em tratamento psicoterápico, estamos em contato com questões muito primitivas do aparelho psíquico, onde muitas vezes encontramos sensações ainda sem nome e assustadoras.

É freqüente que estas crianças cheguem com seus movimentos estereotipados, dificuldades ou ausência de fala, perturbações alimentares e de sono. Crianças autistas podem se
beneficiar de uma psicoterapia quando estas encontrarem junto ao terapeuta um espaço acolhedor e de escuta, que dê conta de suas ansiedades catastróficas e que ajude a proporcionar uma discriminação do que é o eu e do que é o não-eu, base para a construção da identidade deste indivíduo. O vínculo entre terapeuta e paciente é fundamental para o tratamento, e este será alcançado com paciência e dedicação.

Sentimentos de frustração podem estar presentes nos tratamentos com crianças autistas, tanto por parte do terapeuta quanto por parte da família, pois é comum parecer que não há movimentos. Mais importante do que o conteúdo do que está sendo dito na sessão, a postura, o tom de voz e a disponibilidade interna do terapeuta se tornará determinante. Ajudar a nomear e discriminar, tanto no concreto, como no que diz respeito ao corpo e ao sentimento, irá possibilitar a transformação do sensorial em psíquico.

Ao evoluir no tratamento, a criança autista vai descobrindo um mundo onde pode existir troca e que as ameaças internas se tornam menos assustadoras. Poder começar a brincar, mesmo que este brinquedo seja rudimentar, ou se interessar por desenhos, pode ser um indício de melhora.

Esta tarefa não é fácil e o terapeuta precisa criar um laço forte também com a família desta criança, pois muitas vezes o que ela sente é vivenciado dentro do consultório pelo terapeuta, que na sua função de tradutor, pode auxiliar muito no vínculo deste grupo familiar com a criança autista.

Artigo escrito por Edda Maria Mendonça Petersen – Psicóloga – CRP 07/7850