Criança “arteira” precisa que suas qualidades sejam destacadas

21005As crianças “arteiras” estão sempre no meio das confusões. Não obedecem em casa ou na escola. Às vezes, são confundidas como sendo hiperativas. São crianças que encontraram na   insubordinação às regras um modo de serem. E assim são reconhecidas.

Se as pessoas que lidam com elas têm essa visão, a das crianças não é nada diferente. Dificilmente as pessoas lhes apontam as coisas positivas que fazem, assim como elas, que não conseguem enxergar em si algo nesse sentido. Por um motivo ou outro, essas crianças foram se construindo dessa maneira, onde a quebra de regras parece ser a regra para elas.

Se o meio não consegue reconhecê-las de outra forma, fica a dúvida de como isso tudo começou. O que se percebe é que elas não têm muita autoconfiança. O tempo todo parecem trazer o ambiente para ajudá-las em sua ação no mundo, lembrando-o do quanto são desajeitadas e incapazes. É o jeito que encontram de serem vistas.

O que gera uma interpretação atrapalhada – são vistas como aquelas que querem ser o centro de tudo, não importando como. Na verdade, estão apenas dizendo o quanto precisam do outro e de serem cuidadas. Que alguém lhes dê referências do modo de ser e agir.

Essas são, muitas vezes, encontradas no grupo de crianças com características semelhantes – ao se encaixarem nele, sentem-se aliviadas. Tanto é assim que tendem a justificar suas ações dizendo que foi porque o outro mandou.  Mais que se eximir da responsabilidade, o fato é que encontraram ali alguém que lhes direcione – no caso, um líder negativo.

E assim, vão construindo uma imagem para si e para o outro de alguém desajeitado e transgressor. Num sistema que vai se auto-alimentando – a ação da criança reforçando a imagem que os outros têm dela, que por sua vez fortalece a ação da criança. Afinal, não é isso que esperam dela?

Para que as coisas mudem, é preciso quebrar essa cadeia. Os adultos que cuidam dela precisam tomar as rédeas e esquecer as lições de moral. Sem questionar a importância delas, não é apenas disso que essas crianças precisam.

Elas necessitam serem vistas e reconhecidas em seus aspectos positivos também, o que as ajudará a se perceberem de outra forma e com possibilidade de serem diferentes. Às vezes, ficamos um tempo grande chamando a atenção do filho por algo que não está tão bom, que pouco sobra para os elogios.

Além disso, é preciso mostrar confiança na criança, de que ela é capaz de ser diferente. E que ospais e os professores estão juntos nessa empreitada. Só assim, ela conseguirá acreditar que é capaz de fazer coisas boas e ter firmeza para ser ela própria. Sem precisar que alguém lhe diga a todo momento como deve agir.

Fonte: g1.globo.com