Problemas familiares e as dificuldades de aprendizagem

Problemas familiares e as dificuldades de aprendizagem

Problemas familiares e as dificuldades de aprendizagem

Na vida familiar e ou na escola, cada um apresenta formas e tempos diferentes de aprender. Devemos lembrar que todos nós temos comportamentos diferentes. Desta forma, é necessário compreender cada sujeito e observar o que é necessário para o desenvolvimento de cada um, se tornando assim uma tarefa complexa.

Cada indivíduo possui suas características e modo de ver as coisas, sendo assim, com a correria dos dias de hoje, fica cada vez mais difícil dos pais conseguirem detectar as dificuldades das crianças e adolescentes.

A intenção de forma alguma é culpar as famílias, até porque com tantas informações não há quem não se perca. Mas acredito que o mais importante é saber pedir ajuda a especialistas da área e não as informações da internet. Os pais não sabem mais como auxiliar e até mesmo como participar da vida escolar de seus filhos, e não estou falando de ir nas festividades da escola, estou sim falando de participar do dia a dia, olhando os cadernos, avaliando as notas, observando o filho (a) estudar.

O adulto, no caso os pais, têm o dever de orientar os filhos a desenvolver hábitos frente aos estudos. A tarefa de educar não cabe somente à escola, embora também seja um dos seus papéis. A participação da família na escola é fundamental para o bom desempenho escolar.

É preciso ter claro o que entendemos por participar. Sabemos que estamos vivendo um momento social muito diferente, onde as famílias acabam não tendo tempo para estarem juntas. E os pais por culpa, acabam participando pouco da vida de seus filhos, se preocupando somente com a segurança física destas crianças e ou adolescentes.

Por não terem tempo acabam nem ensinando coisas básicas, como por exemplo: colocar e despir a roupa, calçar os sapatos, colocar a meia entre outras. Gosto de salientar a questão da meia, pois se analisarmos melhor, ao colocarmos a meia estamos desenvolvendo algumas habilidades e competências que são extremamente importantes para a vida, tais como: paciência, estratégia (para que todos os dedos entrem no mesmo lugar, o que não é muito fácil para uma criança pequena), organização… Na correria do dia a dia, os pais e ou as pessoas designada por eles para cuidar de seus filhos, acabam realizando todas as atividades para as crianças, para que não percam tempo, já que nos dias atuais o tempo é precioso. Os pais não participam mais destes momentos de aprendizagem dos filhos, é como se todos já soubessem tudo, não sendo necessário ensinar mais nada.

Muitos pais não impõem limites e permitem que os filhos tenham uma vivência social permissiva, achando ser isto o melhor. Esses, possivelmente, apresentarão conflitos comportamentais, deixando de considerar a importância dos conteúdos escolares, pois não acreditam em sua capacidade de aprender. No entanto, o motivo é a falta de limites, a intolerância às regras a que ficam submetidos nos relacionamentos com colegas e professores. Esse sujeito não foi educado para tolerar a realidade e as frustrações impostas na vida social.

No entanto, alguns estudantes mais retraídos, e com dificuldade de aceitação no grupo, acabam se refugiando em seus saberes pessoais, mostram inibição cognitiva, resistência em mudar e não aprendem os conteúdos escolares. Como não possuem uma organização intelectual e afetiva delimitadas com parâmetros externos, ao exporem suas ideias ao grupo, são ridicularizados e, como não sabem lidar com a frustração, ou mesmo não possuem uma argumentação para defenderem seus pontos de vista, acabam partindo para atos de agressão, a ação predomina sobre o pensamento. Esses, na grande maioria, arrependem-se de seus atos, porém a impulsividade do comportamento domina a lógica, a objetividade.

A rigidez dos adultos é outro fator que preocupa. O sujeito em desenvolvimento, tratando-se de uma criança ou adolescente, quando ameaçado retira-se para o mundo da fantasia e não tem maturidade para lidar com esse tipo de situação. Nesse momento, o sistema está abalado e o grupo incapaz de reconhecer seus conflitos.

Segundo Maturana a dificuldade de aprendizagem de uma criança, ou um adolescente, pode não ser mais do que uma forma encontrada de manifestar a falta, a precariedade dos vínculos familiares, nesse sentido, educar não é uma tarefa tão simples, como pode parecer.

Educar vai muito além de prover os meios para a criança vir ao mundo e ser mantida nele, é um processo e, dentro desse estamos inseridos, enquanto família e escola, pois as crianças aprendem de acordo com o que vivenciam com seus modelos de identificação. Assim, crianças e adolescentes, constantemente, observam, analisam atitudes, comportamentos sociais e profissionais. Daí a importância da organização familiar, porque, ninguém, ao vir ao mundo, sabe o que é certo e o que é errado. O ser humano, ao nascer, não tem uma personalidade definida. São os pais que têm a tarefa de fundamentar e consolidar a personalidade da criança.

Só em famílias que há diálogo e aceitação, ou seja, famílias, funcionais, esse processo de aprendizagem se dá de forma equilibrada. Assim, percebemos que mesmo sem muito tempo, se a família for organizada e dinâmica, os pais conseguiram participar mais da vida dos filhos, percebendo com mais facilidade as dificuldades que eles possuem, podendo assim, procurar ajuda em um especialista.

Ana Paula Lauermann

Psicopedagoga

ABPp: 1832/15

Referencias:

Maturana EM. A criança, o insucesso escolar precoce e a família: condições de resiliência e vulnerabilidade.

Fernández A. A inteligência aprisionada. Tradução: Iara Rodrigues. Porto Alegre:Artes Médicas;1990.