Um entendimento sobre a Terapia com crianças Autistas

Artigo escrito por Larissa Montardo Machado / Psicóloga CRP/RS 07-26647

As crianças autistas não desenvolvem dentro do setting uma noção de espaço tridimensional e de simbolização, consequentemente, não poderão brincar ou não usarão o brinquedo como objeto no qual suas fantasias e emoções possam ser projetadas.

O terapeuta que trabalha com essas crianças se encontra em uma posição diferente, em relação a outros tipos de pacientes. Ao longo do processo terapêutico, é preciso estar sempre muito atento ás suas motivações, mantendo o contato constante com seu próprio mundo mental infantil e adulto. É importante levar em consideração o espaço real de atendimento e o tempo de duração das sessões, ou seja, permanecer sempre num lugar e num tempo determinado e constante.

A criança autista não tem uma representação de espaço interno e externo, ou seja, fará parte do processo terapêutico realizar o reconhecimento de noções de “dentro”, “fora”, cheio, vazio, perto, longe, fundo, raso. Essas experiências serão praticadas através do corpo como: língua dentro e fora da boca, chupeta dentro e fora da boca, baba, saliva, secreções em geral e também o terapeuta como referência de objeto dentro do ambiente.

Neste tipo de terapia, o terapeuta terá que levar em consideração quase que exclusivamente a contratransferência, já a transferência irá se formando gradativamente ao longo dos atendimentos. Quando a transferência se constituir marcará o início das projeções e introjeções, o que levará ao desenvolvimento emocional da criança.

REFERÊNCIA

FRANCH, Nilde Jacob Parada. Transferência e Contratransferência na Análise de uma Criança com Núcleos Autistas. São Paulo, 1996.